LAÍS
Uma pedra. Inicio.
O
tempo tornava-se molecular quando percebida a respiração sob o seu peito. O oráculo
de um colar contava as suas pedras para circular todo um país.
E
ali ela estava. Naquele aeroporto absurdo por não ser porto de país nenhum.
Esta
imagem inaugural da existência de Laís era incontornável. Todos os olhos a
focavam. Até o desfocar durava o instante. O sempre mesmo instante. De vida. E
de morte.
Se
Laís tivesse um completo nome ainda assim o Sistema de Identificação não a
teria resolvido. No país nenhum.
E
ali ela estava.
Simplesmente
uma aristocrata de Delfos.
Foi
assim:
A
luz verde ficara implantada em sua garganta.
A
praia lá embaixo cheia das frutas caju. Perder a paz de Orion era o preço. Mas
não tinha preço a paz.
Os
indígenas que veriam Alimara Nim (Laís) descer da nave endeusaram-na como
Coaraci-mirim. Ofereceram-lhe muitos cajus em cestos de tranças de palmeira. E eram felizes por certo. E também por
isto.
O
hiper-espírito de Alimara Nim
continuava em Orion. Esta era a experiência: refletir no seu Hasha a distância
de um momento ciclópico exato.
Quando
Hishi, o espírito do pajé, incorporou o Hasha de Alimara Nim , na frequência
dos dois mundos, êle entreviu Laís no futuro. E levaram-na de volta para o alto
da Pedra.
A
porta estava aberta e ela entrou. Dali pra frente todos os anos naquela época
do ano refaziam aquilo em ritual exorcista. E tem sido assim desde que o mundo
é mundo.
Por
quem seria que Laís cantava?
Dentro
da Pedra Alimara Nim converteu-se no espírito da Pedra, jorrava luz verde como
se a Pedra fosse o chakra dansante do País.
Dez
mil anos se passaram da mesma forma como que tudo passa deste lado de fora da
porta.
Que
droga ofereceram à Laís naquela noite de festa de fim de milênio?
Importa
mesmo saber? É que ninguém conhece Laís a fundo. Mas todos tem a impressão que
ela está NOUTRA.
Com
vocês, LAÍS. Diz o apresentador da tv .
Diz
que vive no Leblon. Anda muito de táxi e pouco a pé. Corre no seu jeito de seu
espírito estar sempre mais à frente dez meses, pela praia de Ipanema. Mais
ainda, no tempo em volta da montanha.
Pousei
no arquétipo como se pousa numa flor.
Planei.
Eram nuvens sôbre aquela montanha. Da Gávea.
Laís,
Laís, Laís, gritava eu lá do alto. Alimara Nim está ali. Eu apontava para
dentro da rocha,
com
os dedos das mãos contados.
Haveria
uma situação em que os irmãos se olhassem e só avistassem os sinais do Bem.
Era
do Bem insólito porque solto.
Pousei
no arquétipo como se pousa numa flor.
Só
de longe e se ouvindo Laís percebe-se a estória escrita nas paredes da
garganta da Pedra.
Garganta do País Nenhum.
Foi
assim que aconteceu comigo, longe do burburinho do Rio de Capitu , para flagrar-me quentre a Pedra e o Pão de
Açúcar uma linha visionária move montanha para a esquerda, montanha para a
direita, abrindo uma brecha pro coração da estória.
Lá
dentro vive a dimensão possível de
Alimara Nim na Terra.
Preparando-nos
para o salto em dimensão que é para onde aponta a tal da luz Verde Laís
entoa-nos cânticos subtraídos às suas paixões.
Perguntam-se
se Laís será só um pretexto para a revelação?
Não
acredito em tal nóia.
Só
de Longe e se ouvindo Laís…
O
fato que , após o sucedido, as culturas
separadas terem separados os deuses imortais dos humanos condicionados e a
matriz desta condição estampada nas artes ditas decorativas por tentarmos
esconder o nosso drama.
Não
acrescenta ao nosso drama mais nenhum, que a espessa fumaça urbana nos encobre.
Conflitos
sociais, étnicos e o esquimbau a quatro. Debaixo da fumaça vale tudo. É o que
Alima Nim nos faz compreender com o seu canto.
É que tudo passa , o mesmo na vida
de infinitos universos. Não bastará esta constatação para acordarmos? Seja lá o
que isso for.
A
afronta ao Hishi do pajé foi justamente nesta medida, quando não viu a praia
dos cajus mais a frente. Seja lá o que isso for, disse o pajé na sua língua já
morta.
Laís
não poderia existir sem o laço especial
com Alimara Nim, no espaço de memória, já imemorial apesar de.
Apesar
da hipocrisia baixamos os olhos por vergonha. Não de andarmos nus mas por recusarmo-nos de ver a roupa interior
magnífica, muito estimada em Orion.
Em
pedra e magma ficamos. Separados do esplendor.
Mas
a garganta do País Nenhum?
Nove
minutos para escrever o acima dito. Valerá a pena continuarmos por este caminho
revelado? Soará a falso, será tudo imaginação?
Não
foi o que julgara o Hishi do pajé.
Dentro
do elevador do hotel em Bangkoc Laís ficou cara a cara com o pajé.
Seu
Hishi não resistiu ao Hasha de Nim e na resistência entre o Sim e o Não não resistiu e caiu. Chamaram a ambulância.
A polícia identificou-o como mais um traficante de heroína para o primeiro
mundo. Desde que o mundo é mundo, lembram-se? Pois é. A vida de Laís também foi
investigada e era ela quem cantava no fundo do bar. Reveillon de l999. Telefonou para a família no Rio de Janeiro. Tudo
iria bem. Porque o Bem está solto.
A
libertação de Alimara Nim de dentro da Pedra poderia acontecer a qualquer
momento,
independentemente
da política governamental e dos altos e baixos do fluxo do capital.
Pois
bem, a força que está por trás das BIG MULTI desvinculou-se dos Hashas e Hishis
desde o tempo de Atlashi, não é o Bem nem é o Mal, é apenas a força
cega Que magnetiza a energia vital dos seus colaboradores. Uma papoula
gigantesca.
Laís
obviamente não entendia ISTO, mas já O havia
expresso, sem saber.
Por
isso são poucos os que apreciam o canto de Laís, na inquestionável vertigem da
sua queda.
Se
a mim foi dado conhecer a tal Força foi com certeza que para aprender não
temê-la.
Sei
que esta estória chateia e intriga ao mesmo tempo e é tudo o que eu sei. Tudo
está no que sentimos e a Arte sem sentimento ficou enterrada no século XX.
O
sentimento de Laís não projeta idéia nem ideal.
E
Laís sempre está no aeroporto do país nenhum.
Sem
lógica integratória no dito real a estória escrita na gruta da garganta espera
por nossa confirmação.
Que cara chato, devemos evitá-lo, o
que quer dizer não publicá-lo. Então o que se lê aqui é uma miragem. Keep
smiling.
Soltar
o verbo pode ser como soltar um marrequinho à beira da lagoa. Os pingos dágua
serão o desenho aleatório e dentro de um padrão. É o padrão dos descobrimentos
deixados pelos portugueses nas praias de Porto Seguro, Goa e Inhambane. O
padrão de quem diz estivemos por aqui sem sabermos se ou quando voltaremos.
A
posse de uma terra inteira.
Tudo
já está escrito e é só colocá-lo em palavras. Entre o cuneiforme, o hieroglifo
e as palavras muitos pássaros já cantaram.
Sigo
o rio com fé que êle me leve para o mar , o que seria mais natural desde que
foi criada a natureza.
O
canto dos pássaros é natural, e se não cantam? Estarão se resguardando. Vamos
ver o resultado. É só isso: o resultado. Dois mais dois darão quatro. Mas hoje
ainda se vive exaustivamente da indeterminação. É moda.
Inconformados
com a subordinação da linha que vai da Gávea ao Pão de Açúcar a uma série
cronológica de cartões postais, bruto espanto e indignação do pajé, nós os
admiradores de Laís, uns gatos pingados de cariz egípcio, caímos nos buracos deixados no astral do Rio
de Janeiro pelo serviço de limpeza inter-galático. Só um grande amplexo
criador, resultado de uma investigação amorosa apropriada, preencherá este
efeito.
Abracemos
então o Rio de Janeiro circundando neste símbolo a Pedra da Gávea, o Corcovado
e o Pão de Açúcar.
E
cantemos com Laís o cântico dos cânticos.
A
missão de Orion espera por nós, que libertemos antes, Alimara Nim.
Isto
é o que esteve escrito nas paredes da garganta da Pedra.
A
investigação amorosa é o princípio, o meio e o fim de nossa estória.
É
a estória do girassol e de seu sol. Desde que a fumaça urbana aparentemente os
separou.